Dualismo: Ataque e Defesa do Ego


Os textos psicanalíticos frequentemente referem o Ego como uma instância psíquica localizada entre o id e o superego. Assim, o id e o superego estariam em conflito permanente e o ego a intermediar as forças opostas resultantes destas duas instâncias da psique. A ansiedade resultaria deste conflito e o ego usaria mecanismos de defesa para desta ansiedade se defender.
Acontece que a defesa é tudo aquilo que, localizado num dado território, anula um ataque a esse território dirigido. Assim, não há defesa sem ataque. Um ataque é qualquer ida a um território com a finalidade de o desorganizar ou desordenar.
Por conseguinte, não se compreende que existam defesas do ego sem conceber previamente ataques ao ego. Saliente-se que o ego se defende, mas também ataca. Tudo leva a crer que os ataques de que o ego se defende, são iguais aos ataques que o ego despoleta.
Os manuais de psicanálise são unânimes em conceber as principais defesas do ego: Racionalização; Fantasia; Identificação; Ironia; Regressão; Sublimação; Recalcamento; Apatia; Formação de Reacção; Desvio; Isolamento; Agressão; Projecção; Interojecção; Anulação; outras.
Entretanto tem obrigatoriamente de se pensar nos ataques ao ego: Desvalorização; Ameaça; Traição; Engano; Focalização; Exposição; Repetição; Surpresa; Incerteza; Censura; Quebra de Expectativas e outras.
Só pensando na dualidade ataque e defesa se compreende a dinâmica do ego na sua interacção com as forças conflituais intrapsiquicas resultantes do conflito entre o id e o superego mas também nos conflitos com a realidade exterior.