O mundo da informação e a informação do mundo

Assumir a problemática da informação passa por definir o seu conceito e conteúdo. A informação, enquanto instrumento de comunicação humana, tem sido largamente abordada por muitos pensadores das várias áreas do conhecimento. No entanto, a informação não é apenas um instrumento da comunicação humana;  pelo que neste texto são excluidos os elementos da comunicação, designadamente: emissor, receptor, mensagem, código, contexto e contacto. É pois aceite que a informação informa, causa ou promove a forma; e a forma com a sua génese, estrutura e função, está presente em toda a existência, em todo o mundo; é independente da manifestação do ser, é independente da comunicação. Ainda que o ser humano desaparecesse de toda a face da Terra, ainda que a humanidade acabasse, a forma, a informação continuaria a existir. Repito; a informação não depende da comunicação, não depende de um emissor e de um receptor. No mundo actual assiste-se a um aumento crescente da capacidade de armazenar informação em cada vez menos matéria; estrutura-se a realidade física de tal ordem que em minúsculos dispositivos, se armazenam terabytes de informação, este é o nosso mundo, este é o mundo da informação. Por outro lado, o ser humano continua a explorar e descobrir novos aspectos da realidade do mundo, novas relações, novas interacções entre a matéria; esta é a informação do mundo. Os vários universos do mundo, a totalidade existencial, mais não é do que informação, esta informação está estruturada até à mais ínfima partícula elementar. As palavras e as frases, que as letras do nosso abecedário permitem, não são suficientes para, de acordo com as permutações e combinações matemáticas, captar e descrever a informação armazenada na totalidade das partículas elementares do corpo humano; imagine-se então a informação contida no planeta Terra. Imagine-se agora a informação contida nas partículas elementares do nosso universo, da totalidade da existência. Esta é a informação do mundo! A organização do conjunto de todos os símbolos, de todos os elementos, de todas as letras dos abecedários das várias linguagens do planeta Terra, não consegue no seu conjunto, na sua totalidade, captar e descrever a informação contida no planeta Terra. Se considerarmos agora a informação contida nos outros planetas do nosso sistema solar, da nossa galáxia, do nosso aglomerado de galáxias, do nosso universo, da totalidade da existência; pois o ser humano ainda não possui os elementos e conceitos básicos que lhe permitem captar essa informação disponível. Não são apenas as cerca de duas dezenas de letras do alfabeto que, em combinação matemática, permitem os conceitos elementares para decifrar a informação do universo, da totalidade existencial; são necessários muito mais símbolos, mais letras do alfabeto, muito mais conceitos elementares; só depois se pode partir para a aquisição dessa informação que a totalidade existencial disponibiliza. Há uma transcendência que os limites da racionalidade humana impõe mas, mais básico, mais elementar, muito mais fundamental é a transcendência imposta pelos símbolos alfabéticos e os conceitos linguisticos pois, sem letras não há conceitos, sem conceitos não há juízos, sem juízos não há raciocínios. E quando a humanidade conseguir um alfabeto que lhe permita captar todos os conceitos da informação disponível no universo, pode então começar a decifrar o código e todos os outros elementos da comunicação que lhe permitam compreender o universo. A dualidade irredutível entre a informação e a existência, associadas com a respectiva interconvertibilidade resultarão, directamente, na imortalidade. O mundo da informação, conjugado com a informação do mundo, conduzirão necessariamente à eternidade da vida.
                           Doutor Patrício Leite, 25 de Fevereiro de 2015