Confiar no Futuro

A confiança é um sentimento vocacionado para o futuro. Palavras como segurança, fé, crédito e crença; fiança, esperança e confiança, têm a mesma emoção básica positiva e direccionada para o futuro. Pela teoria da motivação este tipo de sentimento resulta da necessidade de segurança; necessidade que se manifesta, que reclama satisfação, e se impõe imediatamente a seguir à satisfação de necessidades vitais como o comer, beber, respirar, etc. Assim, a fé ou confiança é um sentimento básico e inerente à própria condição humana. As pessoas tendem a acreditar e acreditam naquilo que lhes é transmitido, independentemente de qualquer prévia demonstração racional; e ainda que exigissem uma demonstração lógica, teriam sempre que acreditar nas premissas, nos axiomas ou nos dogmas; e só após essas crenças primordiais, se poderia partir para a restante demonstração da racionalidade lógica.
As pessoas precisam de se sentir seguras, de acreditar no futuro; é por isso que os manipuladores da confiança humana, fazem promessas, prometem o futuro, e as pessoas aceitam, acreditam. A sugestão é uma afirmação categórica sem qualquer demonstração racional. A manipulação da confiança passa por afirmações categóricas e veementes; sem hesitação, repetidas com autoridade e comando mas sem carácter de ordens. As pessoas detestam ordens mas aceitam e deleitam-se com sugestões hipnóticas. Não a sugestão hipnótica típica de quem está a induzir o transe, não a sugestão hipnótica lenta, monótona e imperativa; esta serve apenas para o espectáculo hipnótico; mas uma sugestão hipnótica afirmativa, rapidamente amplificada pela repetição monótona e sucessiva nos meios de comunicação social, ampliada pelo estatuto adquirido de quem é de confiança, ampliada pelo estímulo ilusório dos sentidos da visão e audição que conduz à aceitação passiva da vontade alheia, à resignação, ao transe social da psicologia das multidões.                                                              Doutor Patrício Leite, 5 de Julho de 2014