Quando macroscopicamente
observamos um objecto em movimento, por exemplo um carro em movimento, que
passa por nós numa direcção e sentido; temos tendência a pensar que toda a
distância que ele ganha ou progride num sentido é igual a distância que ele
perde ou abandona no decurso desse movimento; ou seja pensamos que a distância
depois de percorrida iguala essa mesma distância antes de ter sido percorrida.
Isto seria verdade se o espaço ou distância fosse isotrópico no entanto a
anisotropia do espaço e o movimento incessante de todos os corpos existentes,
com ausência de referencial absoluto e a deformação elástica do espaço, tornam as
mesmas distâncias consideradas; diferentes antes e depois de serem percorridas
por um objecto em movimento. Quem levar o pensamento sobre o efeito doppler até
as últimas consequências filosóficas, acabará por encontrar essa discrepância
de distâncias conforme o objecto em movimento se aproxima ou afasta do
observador. Investigar e trabalhar a tecnologia da deformabilidade da distância
entre objectos, é trabalhar a consecução de velocidades muito para além da
velocidade da luz. Com a evolução tecnológica em distância espacial, chegará o
momento em que um objecto em movimento se possa aproximar de outro sem que se
afaste de um terceiro. Actualmente um carro, assim como outras viaturas, mais
não são do que máquinas que deformam a arquitectura da distância entre
objectos, deformam o espaço, deformam as relações de distâncias entre objectos
separados e porque, atrás dos carros, com o afastamento fica a sensação de que
os objectos se tornam progressivamente mais pequenos e à frente do carro com a
aproximação resulta a sensação de que os objectos se tornam progressivamente maiores;
essa deformação da arquitectura espacial, atrás e à frente produz a sensação de
movimento do carro, mas não é o carro que se move, o carro apenas deforma as
distâncias entre objectos, deforma o espaço envolvente; essa deformação é a
sensação de movimento, é também, em última instância, essa deformação da distância;
aquilo que ocorre com o efeito doppler. Chegará o momento em que serão criadas
máquinas que apenas deformam a arquitectura da distância numa só região, atrás,
à frente, em cima, à direita, etc. enfim numa região do espaço previamente
escolhida. Nessa ocasião o ser humano poderá avançar para a frente mas sem sair
de trás, como faz lembrar a sensação ocorrida numa actual sala de cinema e com
um ecrã gigante, num filme em que poderemos estar em movimento para a frente e
transportar toda a sala de cinema connosco.
Doutor Patrício
Leite, 6 de Maio de 2016