NEODUALISMO E LÓGICA BIVALENTE

Perante um mesmo objecto, as pessoas apresentam diferentes pontos de vista. No entanto aceita-se que essas mesmas pessoas, têm raciocinios lógicos. A lógica bivalente, primeira forma de dualismo, foi primáriamente afirmada por Aristóteles com três princípios. Dizia ele que uma coisa é o que é. A isto chamou-se o princípio da identidade. Acontece que a origem etimológica da palavra identidade parece derivar dos comerciantes Feníncios que, para provar quem eram, mordiam uma argila que ficava guardada, depois quando a voltavam a morder eram comparadas as dentaduras e dai a identidade. Ainda hoje se coloca o dedo pintado num bilhete e se faz uma assinatura e posteriormente para comprovar, faz-se a assinatura, ou coloca-se o dedo pintado, que se compara com a do bilhete e assim se identifica a pessoa. A identidade é pois um processo que exige muitas partes envolvidas e não apenas uma coisa, sem essas várias partes envolvidas não se consegue estabelecer a identidade; logo não faz sentido dizer que uma coisa é o que é; deve-se antes dizer que uma coisa é o que é, e o que não é. Também na lógica arstotélica se diz que uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, ou seja a negação de uma coisa não pode ser essa coisa. Ora se a identidade de uma coisa, encerra em si, as caracteristicas do identificante e do identificado, e estes são distintos; então lógico se torna que, a coisa pode ser e não ser. Pode ser porque identificante ou pode ser porque identificado. A coisa encerra em sí um dualismo intrinseco que a torna simultaneamente ser e não ser. Finalmente repetia Aristóteles que uma coisa ou é ou não é, não há terceira hipótese. Ora como confirmamos, uma coisa é ela própria e o seu contrário, além de muitas outras possibilidades. Mais modernamente diz-se que a negação de uma proposição verdadeira dá uma proposição falsa; de acordo com o dualismo clássico da lógica bivalente isto parece estar certo, no entanto para o neodualismo faz mais sentido afirmar que a negação do verdadeiro não dá o falso mas tão somente o não verdadeiro.
Doutor Patrício Leite, 15 de Março de 2012