Quando
pensamos em consciência, imediatamente pensamos em saber ou
sabedoria. A consciência surge-nos como um saber; um saber que
o ser humano tem sobre si próprio. Em Medicina
Neuro-psiquiátrica a pessoa está consciente se sabe a
sua orientação no espaço e no tempo, auto e
halo-psíquica. Em vários animais e outros seres vivos,
é possível desenvolver um reflexo condicionado que lhes
permite saber as implicações que um estímulo tem
para o seu organismo. Os outros seres vivos conhecem os estímulos,
as sensações que esses estímulos lhes provocam
e as respostas a esses estímulos mas, não sabem que
sabem. A essência da consciência é “saber que se
sabe” a pessoa que “sabe que sabe” é uma pessoa
consciente. Este saber sobre si próprio “ sei que sei”,
esta tentativa de se tornar simultâneamente sujeito e objecto
do próprio pensamento, do próprio saber; esta tentativa
impossível de a consciência se apreender a si própria,
constitui a sua essência, isto é a condição
sem a qual a consciência deixa de ser consciência. Assim
a consciência, mais não é do que, uma relação
entre um sujeito e um objecto em que o sujeito tenta tornar-se
objecto de si próprio. Esta tentativa de objectivação da consciência, não no sentido moral; não no
sentido em que uma consciência se julga a si própria;
mas sim no sentido em que uma consciência se pensa a si
própria, se apreende a si própria, se torna objecto de
si própria, ou seja; simultâneamente sujeito e objecto
de si própria; constitui a essência da consciência,
constitui a condição sine
qua non
é consciência. Entretanto permanece a dualidade entre a
consciência, que tenta ser simultaneamente sujeito e objecto e
o processo pelo qual essa consciência resulta. A imortalidade é
sempre a imortalidade de alguma coisa, de algum ser, de algum ente. A
imortalidade de coisa nenhuma, também é possível
mas, fere o entendimento. A imortalidade da consciência
necessita de uma identidade. A identidade da consciência. A
consciência identitária resume-se a um saber que se é,
“ sei que sou”. Não um saber que se é: um
profissional, um familiar, um membro de uma organização;
mas simplesmente, um total saber que se é. A imortalidade
desta unidade individual da consciência identitária, é
a imortalidade do ser que sabe que é. Apesar dos avançados
da nanotecnologia, da biorobótica e das substituições
de partes do corpo humano; como as próteses de órgãos,
transplantes etc.; a consciência identitária corporal
tem-se mantido. Com a substituição da totalidade das
partes do corpo humano; coloca-se o problema da manutenção
da consciência corporal individual identitária. Se esta
se mantiver, então o ser humano alcançou a
imortalidade, o que para já, parece pouco provável; de
outro modo terá de continuar a lutar pela vida, ou seja, lutar
a favor de uma parte organizativa e expansiva cuja finalidade é
a sua permanência. Doutor Patrício Leite, 11 de Fevereiro de 2013