O ÓDIO

O ódio é um sentimento destrutivo, uma raiva permanente, uma vontade de vingança contra um objecto de amor. Quem odeia, dirige esse sentimento contra a pessoa que antes lhe deu amor. O ódio é filho do amor; não de um amor genuíno, autentico e altruísta para com uma pessoa amada, mas sim de um amor, de um gosto pelo amor que a pessoa amada lhe dá. Quem perde um objecto amado sente-se triste; a tristeza será abordada mais tarde; porém quem perde o amor amado, ao amor de outra pessoa, sente-lhe ódio. O ódio resulta dessa interrupção amorosa e voluntária que o objecto, amante e amado, realizou. Quanto mais alguém ama o amor que outra pessoa lhe dá, se esse amor for interrompido, maior será o ódio sentido. Quando duas pessoas enamoradas se apaixonam e amam; amam simultaneamente a outra pessoa e o amor que ela lhe dá e quando se separam, perdem simultaneamente o amor pela pessoa e o amor da pessoa e, por isso, ficam simultaneamente com sentimentos de tristeza e ódio. Quem odeia, tem tendência a selecionar as ideias negativas sobre a outra pessoa e a hipervalorizar os seus comportamentos negativos. Diabolizando o objecto do ódio, minorizam a perda do amor perdido; projectam, era um péssimo amor, um amor negativo, um amor corrompido pela maldade interesseira. Surge a necessidade de vingança, fantasiada ou factual, simbólica da raiva sentida. O ódio é temperado pela tristeza, filha de um amor genuíno que se perdeu, e pela angústia, filha de um projecto de vida falido. Os sentimentos de tristeza, e por vezes de  angústia, inibem a acção e comportamentos destrutivos do ódio.  É a atracção da polaridade emocional negativa entre ódio, tristeza e angustia, que permite a quem odeia, a vida em sociedade, apesar do intenso sofrimento sentido.                                                                                           Doutor Patrício Leite, 25 de Abril de 2014