Todo e qualquer som resulta de
uma frequência vibratória que se propaga numa onda mecânica ou sonora. O ouvido
humano consegue ouvir sons aproximadamente entre 20Hz e 20 000Hz. Há
alguns anos convencionou-se chamar “lá” ao som musical cuja frequência é 440Hz
e sabe-se que duplicando (ou reduzindo a metade) sucessivamente esta frequência
vibratória se encontra sempre a mesma nota, isto é, o “lá”. Entre dois lás sucessivos
existem 6 tons, que na escala diatónica correspondem a 7 notas e na cromática a
12 notas musicais. Fazendo os cálculos, chega-se à conclusão que desde a
frequência de 20Hz até aos 20 000Hz correspondem cerca de 12 escalas e
portanto cerca de 120 notas musicais. Uma escala musical consiste numa ordem de
tons ou semitons musicais. Em termos de harmonia funcional as notas da escala
diatónica não têm igual valor ou significado mas a tónica vale tanto que até dá
o nome à escala. Esta escala organiza-se por graus: tónica - sobre tónica – mediante
– sub dominante - dominante – sobre dominante – sensível – tónica. As duas
notas; tónica e dominante só por si já permitem fazer acordes musicais para
muitas músicas populares. A harmonia funcional fundamenta-se nas escalas ditas
maiores e menores. Muitas pessoas apenas pensam no dó – ré – mi – fá – sol – lá
– si – dó da escala de dó Maior mas se considerarmos os sustenidos, pelo avanço
de meio-tom, e os bemóis, pelo recuo de meio-tom e porque a escala cromática
tem intervalos de meios-tons com 12 notas musicais e sabendo que a tónica dá o
nome à escala; pois então pode-se descrever 12 escalas ou por enarmonia 24
escalas maiores e outras tantas menores; isto ocorre na designada harmonia
funcional que tem dominado a música dos últimos séculos. O temperamento das
escalas em 12 semitons iguais mas cujas notas se repetem a cada oitava da
escala diatónica associa-se com intervalos entre as notas que nas escalas
maiores se divide em Tom(T) - Tom(T) – semitom(st) - Tom(T) - Tom(T) - Tom(T) -
semitom(st); portanto a organização da escala compreende a ordem que se
estabelece entre cinco tons e dois semitons. Algumas destas organizações de
escalas correspondem a modos musicais cuja origem, apesar de ter sofrido
alterações ao longo do tempo, teria sido proveniente da Grécia antiga pelo que cada
modo tem o nome correspondente à região da Grécia que assim organizava a sua
escala musical. Surgem pois os modos jónio, dórico, frígio, eólio, etc.
Até parece
que a harmonia funcional corresponde a dois tipos destes modos com as escalas
maiores e menores, por outro lado, em cada modo é possível desenvolver música
em variadas escalas mas a liberdade de criação musical não se restringe à
harmonia funcional e modal pois é possível criar escalas onde se organizem tons
e semitons com várias outras estruturas inclusivamente com séries de notas musicais
por escolha discricionária, mas o desenvolvimento informático de novos sons
compostos abre um leque muito vasto de possibilidades que virão a constituir o
futuro da teoria musical.
Doutor Patrício Leite, 9 de Junho de
2017