Lei da influência pessoal

Para abordar a lei da influência pessoal torna-se necessário, e útil, definir os conceitos de influência e pessoa. O conceito de influência deriva da ideia de fluido como entidade física, ou estado da matéria, cuja forma se pode alterar pela acção das forças e contingências ambientais; o conceito de pessoa resulta da ideia de uma consciência que assume uma identidade própria e se defende de todos os factores, ou forças, que possam alterar essa identidade. A consciência funciona como um processador de estímulos, ou informação, provenientes do meio interno ou externo e torna-se pessoa no momento em que assume uma identidade volitiva. A vontade é o culminar máximo de todas as forças, defensivas ou ofensivas, mentais. Considerando que, pela sua natureza, a influência é amorfa, então a influência pessoal compreende todos os modos capazes de alterar a vontade identitária de uma consciência.
Na prática pode-se sempre afirmar que se duas pessoas interagem e uma consegue alterar a vontade da outra, essa alteração derivou do exercício de influência pessoal. Estudar, e compreender, o princípio geral que governa os modos, e as forças, que permitem a uma vontade alterar outras é compreender a lei da influência pessoal.
É mais fácil influenciar outras pessoas do que resistir à influência alheia mas também é certo que, de um modo geral, todas as pessoas influentes gozam de grande prestigio pessoal e social; por outro lado, o exercício da influência é também fonte de prestígio e sucesso.
O treino em indução do transe hipnótico constitui o elemento básico de aquisição das capacidades em influência pessoal. Primeiro inicia-se com uma preparação mental que consiste em conduzir o objecto da influência a aceitar as sugestões que lhe serão dirigidas; propõe-se um estado de relaxamento corporal e mental, livre de ansiedade e de medo que proporciona aceitação incondicional. As melhores sugestões hipnóticas são emitidas com uma voz gutural profunda, lenta, monótona e imperativa; o olhar deve ser fixo com os olhos apontando para a raiz do nariz; os gestos de influência serão lentos e corridos ao longo do corpo de cima para baixo e para levantar a influência fazem-se em sentido inverso; os toques corporais serão brandos, suaves e localizados em zonas sensíveis e previamente seleccionadas. Os órgãos e sentidos que permitem a entrada das sugestões são, por ordem de importância; visão, audição, tacto, olfacto e gosto ou paladar; são pois estes que, em cada objecto de influência, devem ser estudados e trabalhados a fim de melhor concretizar o comando e controlo da mente alheia. As sugestões, além de lentas monótonas e imperativas, devem também ser repetidas; a repetição exprime melhor a crença e convicção do influenciador e quando efectuada ao longo do tempo, permite encontrar momentos de fraqueza e aceitação por parte do objecto de influência e assim entrar na sua mente.
Toda a mudança mental que um ser humano pode induzir noutro, com excepção dos métodos químicos, físicos e biológicos, é efectuada e age dentro dos limites próprios da lei da influência pessoal no entanto, ao longo da história da humanidade, foram sendo desenvolvidas técnicas e modos inovadoras de aplicação desta lei. São muitos e variados os modos como se cativa e mantém a atenção concentrada das pessoas; são também muitos os modos de conduzir as pessoas a um estado de credibilidade e aceitação do que lhes é sugerido com a respectiva mudança nas atitudes, crenças, sentimentos, comportamentos e modos de pensar mas a sugestão directa continua a ser um dos melhores instrumentos da influência pessoal. A sugestão indirecta, assim como a sugestão mediada por instrumentos, ganharam uma força extraordinária com o desenvolvimento dos meios de comunicação de massas; os programas radiofónicos gravados, assim como os audiovisuais, tornaram-se num poderoso meio de manipulação humana pela manutenção da atenção e confiança em sugestões repetitivas que conduzem e mantêm a sociedade num transe hipnótico colectivo. A sociedade actual vive completamente adormecida, todas as pessoas, e cada uma, sente e pensa sempre que é única, que tem pensamentos próprios e distintos, que tem toda a força do seu egoísmo para se defender mas, na realidade, esse pensamento e sentimento é colectivo, atravessa diametralmente todos os elementos da sociedade; o transe colectivo consiste num conjunto de ideias, sentimentos e comportamentos pré formatados, pré estabelecidos pelos donos do mundo, mas impostos a cada um como sejam propriamente seus, como sendo um produto único, uma propriedade única e individual de cada um, como se esta pessoa seja um ser humano único e individual; é o transe de fazer as pessoas acreditarem que são únicas, é o transe do actual hipnotismo de massas, é o transe do actual hipnotismo colectivo.
Doutor Patrício Leite, 9 de Dezembro de 2017