Vida e Morte

Desde os primórdios da física e da química que a matéria é considerada como tendo uma existência descontinua. Com a evolução do conhecimento surge a concepção dualistica da realidade: onda e corpúsculo; as duas formas de existência da realidade fisica. A realidade corpuscular seria constituida por unidades atómicas indivisiveis e separadas entre si pelo vazio. A realidade ondulatória seria constituida por pulsares individuais com uma certa frequência que, no caso das ondas electromagnéticas ou luminosas, se deslocariam no vazio. Esta dualidade tem persistido até a actualidade. A matéria tem propriedades, entre as quais a descontinuidade; as ondas têm propriedades entre as quais a descontinuidade. O vazio não tem propriedades, sobre este, nada se pode conhecer, apenas inferir que este é essa mesma descontinuidade. Apesar da descontinuidade da realidade existencial, os nossos orgãos dos sentidos e o nosso pensamento é constantemente invadido por uma aparência involuntária de continuidade. Como num filme, apesar de as imagens se moverem frame a frame ou foto a foto, nós sentimos uma continuidade do movimento. Esta continuidade percepcionada resulta da condição associacionista das nossas ideias, no entanto o nosso pensamento tem um fluxo descontinuo. Face á descontinuidade do ser enquanto ser, compreendemos a sua finitude, a finitude do universo, a finitude da relidade existêncial, a criação e destruição da matéria, etc. Por oposição dualistica á descontinuidade do ser, temos a continuidade da vida. O princípio organizacional vital implica numa continuidade da vida sobre todos os seres. Os seres são entidades descontinuas sob a forma de partes individuais e separadas. A vida é uma entidade continua e indivisível. Os seres vivos constituem entidades dualisticas em permanente conflito interno entre a continuidade e a descontinuidade, o finito e infinito, a vida e a morte, o passado e o futuro, o principio e o fim, ...