Problemas
fundamentais, são aquelas interrogações que têm afligido, afectado, a
consciência humana desde que o homem se autoreconhece como ser no mundo. Não
são simples problemas que afectam um ser humano individual; são interrogações
colectivas sujeitas ao crivo do método globalizante e generalizante que procura
levar o problema, a dúvida, a interrogação, até aos limites do imaginável, do concebível,
do humanamente possível. Muitas são as perguntas que se podem colocar, algumas
das seguintes espelham correntes do pensamento humano cuja dialéctica ainda não
está completamente assente:
Será
o universo finito ou infinito?
Poderá
o universo ser infinito mas limitado ou finito mas sem limites?
A
existência, o ser e o ente, terão fim ou serão infinitos?
A
existência será homogénea ou heterogénea?
A
matéria, será contínua ou descontínua?
O
tempo, o espaço e todas as grandezas físicas fundamentais, serão contínuas ou
descontínuas?
A
igualdade será apenas uma questão de ideia ou terá realidade existencial?
Numa
existencialidade heterogénea será possível o equilíbrio?
Porquê
a existência, porquê o ser e não o nada?
Porque
é que o sujeito quando se apercebe de si próprio, já está no mundo?
Qual
a origem do homem, e a origem da sua origem e assim sucessivamente?
Haverá
alguma entidade que criou tudo?
Se
há um criador, então, quem o criou?
Quem
criou o criador do criador e assim sucessivamente?
Que
apareceu primeiro a ideia ou a matéria?
Existirá
realidade externa sem um sujeito que a pense?
Porquê
a consciência do ser no mundo?
Qual
a origem da consciência individual, e a origem da sua origem e assim
sucessivamente?
Quando
alguém dorme, para onde vai a sua consciência?
Porque
é que existe conhecimento e não somente instinto?
Até
onde consegue chegar a razão humana?
Quais
os métodos usados pela razão para produzir conhecimento?
Poderá
existir abstracção sem alguém que se abstraia?
Será
possível a existência de um efeito antes da sua causa?
Qual
a causa do belo, da beleza, da estética?
Pelo
pensamento, haverá unidade do sujeito, e do objecto?
Haverá
unidade na diversidade ou diversidade na unidade?
Haverá
um referencial absoluto, que não se move, ou estará tudo em movimento?
Porquê
a ordem e a organização e não, simplesmente, o caos?
Porquê
o absurdo da existência, da vida, da consciência?
Qual
a razão do absurdo no pensamento, raciocínio e razão humanas?
Porquê
padrões lógicos de raciocínio no âmbito da argumentação humana?
Porque
é que a religião usa o pensamento filosófico para se afirmar?
Sem
religião, sem transcendência, haverá ética?
A
curiosidade humana, é necessária ou indispensável?
Haverá
perguntas sem respostas ou respostas sem perguntas?
Porquê
a interrogação humana?
Se
explicar a interrogação humana como simples curiosidade resultante de uma
necessidade consciente é muito fácil, o facto é que apenas o homem tem essa
capacidade ampliada até aos extremos do concebível; as teorias que a explicam
são muitas mas a interrogação permanece. Porquê a interrogação?
Doutor Patrício Leite, 19 de Agosto de 2016